Artigo - Turismo, importante instrumento de promoção do desenvolvimento

Artigo - Turismo, importante instrumento de promoção do desenvolvimento

Por Osíris M. Araújo da Silva - Economista

O turismo é uma atividade marcante nas sociedades pós-industriais, um fenômeno econômico, político, social e cultural dos mais significativos que se originou e se desenvolveu com o capitalismo. Afigura-se nas últimas décadas como uma das mais promissoras atividades econômicas mundiais, geradora de postos de trabalho e de divisas, além de atividades indiretas que atingem os mais variados setores da economia, desde a indústria até a agricultura.

Em 2023, o Brasil recebeu 6 milhões de turistas estrangeiros, número que vem patinando há décadas. Segundo o Ministério do Turismo o movimento cresceu 7,8% e teve um faturamento em torno de R$ 189,4 bilhões, de acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Segundo a entidade, o dado consolida a recuperação do setor, que foi um dos mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus. Só no mês de dezembro, o aumento foi de 1,1% sobre o mesmo mês de 2022, com um incremento de R$ 18,1 bilhões, o melhor resultado para um único mês desde o início da pandemia, em 2020.

Apesar dos bons resultados e de uma expectativa de melhora nas condições econômicas das famílias brasileiras, o setor teme pelo fim do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). A Fecomércio trabalha ativamente pela manutenção do Perse, visto que o programa, criado em 2021 para socorrer o segmento de eventos – que trabalha com muitas atividades turísticas, têm papel relevante para o resultado final. Há um consenso entre especialistas e observadores do setor que “a medida contribuiu significativamente para manter investimentos das empresas, renegociar dívidas e gerar novos postos de trabalho depois do período pandêmico”.

Para que se tenha uma ideia do quanto o Brasil está distante do mercado mundial, em 2023 visitaram Portugal 30,0 milhões de hóspedes, dos quais 18,3 milhões estrangeiros, o que representa um aumento de 13,3 % e 19,1%, respectivamente, em relação a 2022. A Flórida recebeu no ano passado 8,3 milhões de visitantes overseas, dos quais 1 milhão de brasileiros. A Espanha recebeu mais de 84 milhões de turistas estrangeiros em 2023. Um número recorde que, de acordo com o Ministério do Turismo do país, deverá crescer em 2024. A França vem em segundo lugar, estacionada em 48,40 milhões de turistas.

O turismo, em síntese, é uma das mais importantes atividades econômicas nas cidades de todo o país. De acordo com estudos da Embratur, o consumo do turista no Brasil movimenta 571 atividades econômicas: 21 serviços ligados diretamente ao turismo, como agências de turismo, hotéis, companhias aéreas; 191 atividades dedicadas aos moradores locais, como bares, restaurantes, táxis e serviços médicos; 142 ligadas aos setores de fornecimento de bens e serviços que atendem empresas de turismo, como agricultura familiar, terceirização de serviços de limpeza e contabilidade e 217 não são ligadas ao turismo, mas se aquecem quando há mais turistas no país.

Diagnóstico econômico realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que, a cada R$ 1 investido na promoção do turismo, R$ 20 são injetados na economia do Brasil por meio do consumo dos visitantes estrangeiros, um retorno de até 2.000% para a economia. O turismo hoje no Brasil representa 9,3% do PIB, um dos principais setores da economia do país. Manaus é vocacionada para a atividade. Temos rios, lagos, cachoeiras, o Encontro das Águas, o histórico e deslumbrante Teatro Amazonas, um dos mais importantes do mundo.

Rica em artesanato, a cidade localiza-se no centro geográfico da Amazônia, a maior floresta tropical do Planeta. Famosa por sua biodiversidade e uma singular arquitetura do século XIX, herança do ciclo da borracha. Lamentavelmente, porém, o centro histórico da capital amazonense não ajuda, carente de urgentes investimentos para torná-lo atrativo ao turista e ao morador da cidade, e assim elevar o setor ao topo da estrutura do PIB estadual.