Artigo - Endividamento familiar e o impacto no comércio e serviços

Artigo - Endividamento familiar e o impacto no comércio e serviços

Marcus Evangelista – Economista

Hoje as famílias brasileiras estão passando por um período delicado nas suas finanças, 78% das famílias afirmam terem dívidas a vencer em abril, um aumento de 0,2 p.p em relação a março. É o que conta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Estas são famílias que com a baixa nos juros levou a uma maior facilidade de crédito, sobretudo parcelados, optaram de se endividar para atingir objetivos materiais e de consumo hoje em detrimento das capacidades financeiras futuras.

Ainda de acordo com a Peic, famílias em inadimplência são 28,6% em abril, um aumento de 0,5p.p após cinco meses em queda, essas são o grupo de pessoas que atingiram uma situação onde a sua renda não permite o cumprimento com suas responsabilidades com o cartão de crédito, crédito pessoal entre outras formas de crédito contratado, isso impacta negativamente na capacidade dessas famílias de consumir no mercado, tendo em vista a situação restritiva de crédito, o que afeta principalmente pequenos e médios comércios e prestadores de serviço que têm seu principal público os de baixa renda que utilizam do sistema de crédito com maior frequência.

Segundo o Mapa de Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil (SERASA), com dados de fevereiro, informa que o valor médio per capita de endividamento é de R$ 5.306,27, e o valor médio de cada dívida de R$ 1.408,06.

Isso mostra que além do escopo de endividamento familiar elevado, temos também que o nível das dívidas é maior que o nível de renda da baixa renda (3 salários-mínimos) e com valores de dívidas únicas que comprometem sua renda disponível para o consumo.

A renegociação em fevereiro atingira o total de 2,781 milhões de acordos, com o valor médio de R$ 784,22 dos acordos fechados. Uma média de 56% de descontos nas dívidas dos indivíduos na finalização delas, sendo as principais dívidas renegociadas de securitizadoras e grandes bancos.

Fica evidente que as famílias brasileiras enfrentam desafios financeiros significativos, refletidos pelo aumento do endividamento e da inadimplência. A facilidade de acesso ao crédito, especialmente para compras parceladas, tem levado muitas famílias a comprometerem suas capacidades financeiras futuras em busca de objetivos imediatos de consumo. Esse cenário tem impacto direto nos pequenos e médios comerciantes e prestadores de serviço, cujo principal público é constituído por pessoas de baixa renda, que frequentemente utilizam o crédito.

A renegociação de dívidas tem sido uma estratégia comum, com descontos significativos oferecidos. Diante desse contexto, é crucial que comerciantes e prestadores de serviço estejam atentos às condições financeiras de seus clientes e busquem alternativas para se adaptarem a esse cenário desafiador, como políticas de crédito mais flexíveis e formas de pagamento facilitadas.